sexta-feira, 11 de março de 2011

Caso de leishmaniose felina

Breve introdução

Um felino macho, raça Europeia de aproximadamente 7 anos de idade apresentou-se para uma consulta. O gato tinha sido recolhido da rua há 2 anos e para além da castração, foram realizados na mesma altura, testes rápidos de FeLV (Vírus da Leucemia Felina) e FIV (Vírus da Imunodeficiência Felina), cujo resultado foi negativo para as duas doenças.
Este animal apresentava no plano nasal uma lesão ulcerada, que, mesmo após diversas citologias não foi possível identificar uma possível etiologia.


Exame Físico

Ao exame físico o animal apresentava como sintoma mais evidente, uma queda de pêlo excessiva, com prurido e zonas de alopécia a nível do tronco. Na pele afectada, era também evidente a presença de algumas pápulas eritematosas sem sinais de multiplicação bacteriana. No olho esquerdo era visível uma situação de uveíte e de edema da córnea. A lesão do plano nasal tinha piorado consideravelmente.


Diagnóstico

O diagnóstico deve ser feito através da observação directa de formas amastigotas do parasita dentro e fora dos macrófagos situados na medula óssea, gânglios linfáticos, pele e líquido sinovial.
Devendo-se por isso realizar alguns destes procedimentos: punção da medula óssea, dos gânglios linfáticos, citologia aspirativa (aplicado em nódulos de pele, articulações, baço e fígado), biopsia de pele (imunoperoxidase), serologia (só nos indica a presença de anticorpos, o que não significa que haja presença da doença), PCR (técnica de diagnóstico mais sensível e específica; fazendo a demonstração do DNA da Leishmania na medula óssea ou noutros tecidos).


Neste caso específico, foi realizada uma raspagem de pele que acabou por revelar inúmeros ácaros Demodex cati. O hemograma e as análises bioquímicas realizadas não apresentaram quaisquer alterações, contudo a pesquisa imunológica para Leishmania spp. foi positiva. Posteriormente, foram observadas formas amastigotas numa citologia por PAAF de um nódulo submandibular.
Concluindo-se então, que o animal apresentava: Leishmaniose felina e consequente demodicose.


Tratamento

O tratamento aplicado neste caso foi:
- Como tratamento inicial foi aplicada uma unção puntiforme de moxidectina + imidaclopride
- Iniciou-se alopurinol numa dose de 10 mg/kg duas vezes por dia
- E prescreveu-se um colírio de prednisolona+neomicina+polimixina B

Duas semanas depois, o paciente apresentava melhoras significativas e o tratamento manteve-se.


Conclusão

A Leishmaniose, patologia bastante frequente no nosso país (em canídeos) é bastante rara em felinos. A espécie causadora desta doença na Europa é a Leishmania infantum podendo-se distinguir diferentes formas: visceral, cutânea e mucocutânea.

Nos gatos os sintomas da doença são diversos, maioritariamente cutâneos, tais como lesões nodulares e/ou ulcerativas, localizadas principalmente na cabeça (possível local de inoculação). Macroscopicamente são muito semelhantes a outras doenças bastante mais frequentes em gatos, como o granuloma eosinofílico ou o carcinoma espinocelular.
Na forma cutânea em canídeos é relativamente comum a presença de ácaros Demodex spp. mas em felinos o tipo de parasitismo causado pelo D. cati é muito pouco frequente. A reprodução excessiva destes ácaros, ao ponto de causar dermatite, está normalmente associada a uma patologia sistémica subjacente ou a uma imunossupressão iatrogénica. Neste caso, é também de salientar os altos títulos de anticorpos circulantes, visto estar descrito que nos felinos a sua produção é muito menor do que nos canídeos.

Da pesquisa efectuada pode-se concluir que o número de casos descritos de leishmaniose felina tem vindo a aumentar um pouco por todo o Mundo. A opinião geral é de que não é a incidência da doença que está a aumentar, mas sim, a sua investigação e consequente diagnóstico. Alguns estudos apontam para a possibilidade do gato, mais do que um hospedeiro acidental, ser considerado um hospedeiro de reservatório, podendo ter um papel fundamental, até agora desconhecido, na epidemiologia desta zoonose.

Fonte: Revista Veterinary Medicine

1 comentário:

  1. meu gato esta muito magro e não sai mais da caxinha dele só sair para fazer suas necessidade e as vezes para comer e bebe sera que ele da com leitemaniose

    ResponderEliminar